quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Comentários e poesia

- O tempo frio me faz pensar em inúmeras coisas. A última delas é com certeza a mídia de meu país, representada principalmente pela televisão. Porém, em minhas leituras do dia, encontrei pessoas reclamando da não divulgação da morte de Wright, um dos músicos mais estimados do século que também já se foi. Me venho a imagem de Dimebag Darrell imediatamente. Na época sua morte foi banalizada e sua contribuição artística não foi enaltecida. Motivo da sua morte: natural, pois sua arte pregava a violência; apenas isso foi dito pelo canal de televisão mais influente de nosso país. A mídia nunca sabe do que fala e isto fica claro quando vemos uma entrevista, uma matéria sobre qualquer assunto que conhecemos bem, principalmente os assuntos em que temos a mais forte das experiências, a da vivência. Todos que vivem de Heavy Metal não se aguentaram quando o traidor na TV falou tão rispidamente de quem ele não conhecia. Traidor? Pois é, um amigo de Glauber Rocha que beija a bunda dos imperialistas pode se dar o luxo de gozar da virtude fidelidade? Não. Não quero a morte de Wright estampada em qualquer mídia! Primeiro, porque ele não merece. Segundo, porque, se aparecer, não vai ser caridade de nenhum diretor, vai ser pressão da EMI, o quê poderia suscitar a dúvida: estima ou ganância?

- Uma hora é a medida do tempo que percorremos para chegar do outro lado do espaço. A linha que se assemelha a um grito não me comove, pois de ti já não levo mais nada. Fique com tudo. Sou isso: um vir-a-ser. Aqui dentro um vento tímido respira, diz que me ama e, de repente, se abre em uma senda ensolarada. Vou esticar esta hora, agora! Um passo dado é um horizonte sendo alargado com a força de meu peito viril. Adeus doce agora, menina pobre, que com os pais ainda dorme. A vida é a ilusão da eterna comunhão da estrela com o deserto em fuga. Não sabemos de onde surge a lágrima que rola coma uma criança em tarde primaveril, mas será que desconfiamos da total falta de senso que nos acossa quando perdemos nossa memória ou urinamos em nossa estátua morta?
Jogue fora a hora! Subverta teu mundo. Goze e aprenda com aquele corpo que um dia te deu a vida e que agora te beija a boca.

18/09/08 - Robson Monteiro

terça-feira, 16 de setembro de 2008

UM CONTO CÉLERE

Casualmente ele adentrava aquele recinto. De posse de seus escritos e pastas passava ele por entre aquelas prateleiras tangendo os livros com o mais sensível olhar. Era um artista, decerto, mas sua humanidade acalentava um outro tipo de sonho, um sonho torpe que lhe era estranho a cada vez que por entre aquelas folhas malditas passava ele. O outro se escondia era no relógio da parede, no rosto do livreiro, no chão enxarcado pela chuva; e o outro não se via, porém se sentia, pois era um espírito que cortejava a luz da palavra não dita. Um copo d´água é pedido e o suor da mão enxugado calmamente. Pressentimento da retomada do corpo por um outro aunsente. O livreiro oferece uma mercadoria. O dinheiro é calculado e não dado.
- Ótimo preço! Mercadoria que ajuda, consola, só não dá refúgio completo... isso só se encontra em drogarias.
- Não quero. Obrigado e um bom dia...
O livreiro retira do bolso uma moeda agarrada e joga ao mendingo estendido na porta;
uma porta já atravessada por aquele que nunca há de ter um nome.
Nunca mais foi visto. Só no inferno, onde seus amigos ainda o aplaudem e bajulam. Sua carne é oferecida em sacrifício para algum deus sem nome.

16/09/2008 - Robson Monteiro

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Morre Wright - um dos inventores da música!

Minha singela homenagem a esse artista que tanta falta fará
Eis a rosa que se desprende para a tua alma (Vinícius de Moraes está presente...)

'Richard Wright, meu amigo
o céu conhecerá seus acordes dionisíacos
& contemplará o intenso brilho da imensidão quebrantada:
são seus dedos flamejantes que riscam a pele do cosmos
Pinte este céu sisudo!
Transgrida a geometria do universo!
pois o céu ansiava por ti
jovem pintor surrealista

a saudade que fica vai ser vivida ouvindo cada nota sua
& nos encontraremos
beberemos absinto na porta do abismo
& seremos compositores de outros encontros
& companheiros por todo o sempre!
& te deixo sozinho com os deuses
até breve
preciso encontrar contigo
& comigo mesmo, talvez
naquele velho canto sombrio
por detrás
da lua"

15/09/2008 - Robson Monteiro